sábado, 22 de dezembro de 2007

Em guerra IX

O soldado
inexperiente
descobriu que nao conseguia matar
olha que porra
a guerra serve para quê, afinal?
perguntou-se

MH

Em guerra VIII

A Rainha é a peça mais forte do tabuleiro. O Rei é mais estático. Aparentemente mais forte e robusto, é também mais pesado. Movimenta-se menos e pior. Precisa de ser protegido. É também mais preguiçoso. E cobarde. Quando fica em xeque... foge! Mas é ele quem ainda comanda as tropas. Até ser feito prisioneiro. Aí acaba o jogo. E a Rainha perde também a sua importância. Maldito rei.

MH

domingo, 9 de dezembro de 2007

Em guerra VII

Tinha as indicações correctas para chegar ao destino. Sabia exactamente o caminho a percorrer. Olhou-se ao espelho, tirou, por momentos, os olhos do caminho e distraiu-se. Derrapou e a viatura descontrolou-se. Fez um zigue, quando deveria ter feito um zague. Os danos foram grandes. A companhia de seguros não assumiu responsabilidade. Relembrou-lhe as cláusulas do contrato, nomeadamente a primeira de todas. No país da guerra, é necessário ter atenção ao caminho. Para voltar a ter paz.

MH

domingo, 2 de dezembro de 2007

Em guerra VI

Disseram ao estagiário para endireitar as costas. Ele endireitou.
Perguntaram-lhe se percebia de finanças. Disse que sim.
Informática. Dominava.
Línguas. Com boa fluência.
Ensinaram-no. Treinaram-no. Ele foi correspondendo.
Quiseram ficar com ele. Ele foi-se embora. Não gostava de lavar pratos.

MH

Em guerra V

O aviador

Havia já abatido uns inimigos. Limpos. Perfeitos. Regressou à base. Para reabastecer. Queria outra missão.
Distraiu-se na descida. Esqueceu-se, e abriu os olhos. Despenhou-se. Afinal não havia base nenhuma. Era um campo semeado.
Já andava há muito tempo no ar. Esquecera-se.

MH

Em guerra IV

Prisioneiro em guerra

O prisioneiro de guerra nao dormia. Há muitos dias. Sempre a pensar na fuga. A pensar na sua miséria. A pensar. Repetidamente. Era realmente um coitado. Como se lamentava. Ausente. Nem se deu conta que a porta estava aberta. E, por ali, ficou. Vai ser herói de guerra. E a viúva vai ficar orguhosa dele.

MH

sábado, 1 de dezembro de 2007

Em guerra III

Tudo começou numa discussão. Pontos de vista diferentes. Cada um com sua razão. Pontos de vista diferentes. Abriram-se. Ouviram-se. Reposicionaram-se por instantes. Sorriram. E deram um abraço apertado. Os dois generais. Mas a guerra continuou.

MH

Em guerra II

Queria que ele fizesse.
Imaginava que ele seria muito bem capaz de fazer.
Sonhava que ele fosse muito bem capaz de fazer.
Desejava que ele fizesse.
Tinha uma vontade irresistivel que ele fizesse.
Mas ele não fazia.
Um dia, resolveu pedir-lhe.
Ele estava preparado. E fez.

MH

Em guerra I

As finanças chamaram-no lá. Tinha recebido a carta há dois dias. Os músculos contraíram-se, nesse momento, e não reagiram mais. O andar ficou perro. O sono doloroso. As manhãs cansativas e as tardes longas.
Subiu o degrau e sentiu o frio das paredes. As caras aflitas. Os rostos fechados. Não se ouve nada. Ninguém fala. Olham uns para os outros, com desconfiança e medo. Só se ouvem os funcionários a dizer que "agora tem de...", "não posso fazer nada..." e "o senhor não recebeu as nossas cartas?". Tudo isto em muito bom som. As pessoas curvadas. Sussurrando as respostas. Aflitas. Envergonhadas.
Mais um cigarro. Na rua. Olhou a sua vez. Não podia perder a sua vez. Controlou-a desmesuradamente. Obsessivamente. Enquanto fumava o cigarro.
Chegou a sua vez. Chegou a sua vez. Chegou a sua vez. Ar despachado. Dinâmico. Tenso.
"Vamos despachar isto", tentava dizer.
Compasso de espera. O funcionário ao computador. Espera. Espera. "O que estará ali?". Espera. Mil imagens. Espera. Mil cenários. Espera. Cada um mais doloroso que o outro. Espera.

Músculos. Balbucia timidamente qualquer coisa.
O funcionário transfere o olhar. Do computador para ele.
-Temos um problema. - diz, com um ar de gravidade.
Fugiu-lhe o chão. Abandonou-se por instantes.
O funcionário continuou. Deliciadamente:
- Existe um défice de sorriso, no seu processo.
Fugiu-lhe o chão. Abandonou-se por instantes. Olhou de frente. Reconheceu. Aceitou. E sorriu.

MH

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Emergência



Muse - Apocalypse Please

declare this an emergency
come on and spread a sense of urgency
and pull us through
and pull us through
and this is the end
this is the end of the world

it's time we saw a miracle
come on it's time for something biblical
to pull us through
and pull us through
and this is the end
this is the end of the world

proclaim eternal victory
come on and change the course of history
and pull us through
and pull us through
and this is the end
this is the end of the world

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Declaração V

Óculos escuros, apesar do mau tempo. Sinal de mau tempo. Sinal de desassossego. Testa franzida. Olhos pequenos. Olhar frio. Distante. Olhar quente. Faíscante. Rugas. Mais rugas. Tensão. Falha. Tensão. Fraqueza. Pico. Sinto-me a picar. Ai!

Associações I - O sorriso fecundador

O sorriso fecundador é aquele que, tal como o espermatozóide (aquele, o especial), consegue resistir, apesar de todas as contrariedade por que passa. Chega ao fim, é igualmente eficaz e dá vida...

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Declaração IV

Encontro-me perto do abismo. A caminhar para ele. Devagar. Muito devagar. Medrosamente. Sinto-me puxado. Resta saber se tenho coragem para o mergulho que sei ser inevitável. E, lá embaixo, ver.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Ciclos


Descobri que alterno entre lados. Completamente opostos. Sem mediação. Entre os muito radiosos e os escuros. Os escuros são muito mais efémeros... muito mais passageiros. São estalos. Necessários. Mas tenho cuidado. Sei que, quando não sorrio, perco força!

Declaração III

Sinto-me muito atraído pelo lado escuro. É como uma enorme vertigem. Difícil de controlar.

Ensaio sobre a minha vida (sempre em construção)

"Fazes o que te apetece, não aquilo que queres!" Diz-me o meu cúmplice. É bom ter cúmplices! Como diria outro senhor, "Tenho amigos para saber quem sou." É verdade! O pior é que é verdade! Sigo sempre os meus instintos. Sigo sempre o irracional. Preciso de cúmplices racionais. Que pensem com a cabeça. (continua qualquer dia)

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Distanciamento

Para se ver "realmente", não se pode estar muito longe... nem demasiado perto.
Distancio-me um pouco. Sigo os conselhos dos cúmplices.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Declaração II

Tudo fizemos. Não merecemos isto. Querem responsabilizar-nos mais. Assumir papeis que não os nossos. Mas tiram-nos o chão. Tudo fazem para nos tirar força. Tudo fazem para nos tirar poder.
Sinto-me violado. Invadido. Quase inútil. Um fantoche.
Mas vai passar. Também sei ser mal educado.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Quatro setes

Aos AC, IP e NJ
7 são as cores do arco-íris.
7 são os dias da semana.
7 são as maravilhas do mundo antigo.
7 sãos as artes.

Fim-de-semana de alinhamento de setes. Esperanças? Não eram muitas! Expectativas? Baixas, devo confessar! E por isso peço perdão! Fui arrogante! Mais uma lição de simplicidade e humildade!
As coisas simples são também as mais bonitas. As pessoas mais bonitas são também as mais simples. E foram simples!
Muito obrigado por estes “setes”!

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Declaração I

Intoxiquei-me durante algum tempo. Conscientemente, turvei a vista. Fugi para a frente. Descaradamente. Intoxiquei-me e intoxiquei outros, também. Sem pudor. Sem peso ou medida. Pateticamente intoxicado. Intoxicado e cansado. Mais velho e... cansado. Mais curvado. Com mais dores. Vaidoso. Cheio de mim. Vazio. Pediam-me que descansasse. Não os ouvia. E não descansei. Não parei, para que nao me apanhassem. Fugia. Sempre a fugir. Sempre a correr. Não me apanham. Não me apanham. Não me hão-de apanhar. Não posso ser apanhado. Quem foge de si próprio caminha com o seu perseguidor. Abrandei. Desacelerei. Cerro menos os olhos. Faço menos rugas.Vejo mais. Sorrio mais. Rio mais. Oiço mais. Falo menos. Gosto mais das pessoas. Sinto-me menos egoísta. Estou menos egoísta. E, surpreendentemente, gosto. O espelho começou a ter brechas, riscos, por onde é possível espreitar. Começa (é mais um recomeço) a parecer apenas vidro. Quebrável. Devagar. A pouco e pouco, vou tentando dar o melhor de mim aos outros.

domingo, 1 de julho de 2007

Não monitorizado

Fingir?
Não!
Prefiro ser!
Se não gostares, ficas logo a saber. Se gostares, fico eu...

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Páscoa, de August Strindberg - MUSEU MUNICIPAL DE FARO


MUSEU MUNICIPAL DE FARO (Perto da Sé)

Quinta-feira, 08 Maio, 21h30

Sexta-feira, 09 de Maio, 21h30

Sábado, 10 de Maio, 21h30

Reservas: apeste.gt@gmail.com - Tel. 914.428.661
a
a
Páscoa
Drama em três actos, de August Strindberg (1849-1912)

Uma família vive atormentada pelas consequências da fraude cometida pelo pai no colégio de órfãos de que era Director, pela qual foi condenado à prisão. Para além das grandes dificuldades financeiras em que ficou por causa das dívidas, também a honra e a imagem da família foi atingida, na pequena cidade de província onde vivem. Ao longo da história, o principal credor aproxima-se várias vezes da casa, provocando o grande temor dos seus moradores, receosos da sua exigência de execução da dívida. A acção desenrola-se nas vésperas do Domingo de Páscoa: quinta-feira santa (Acto I), sexta-feira santa (Acto II) e sábado de Aleluia (Acto III).
zzzz
zzzzz
Ficha artística e técnica
zz
Elenco: Ana Paleta, António Branco, Fúlvia Almeida, Márcio Guerra, Rui Andrade e Sónia Esteves
Encenação e Dramaturgia: António Branco
Assistência de Encenação e Dramaturgia: Rui Andrade
Cenário e Figurinos: António Branco e Susana Duarte
Música: Frank Barcellini (genérico de O Meu Tio, de Jacques Tati), Jules Massenet (Werther), Verdi (Requiem) e Mozart (Ave Verum Corpus) – selecção de António Branco
Luz: António Branco e Fernando Cabral
Cartaz (Foto): Fernando Cabral
Aconselhamento artístico: Carlos Carvalheiro, José Mário Branco e Manuela de Freitas
Tradução: Luís Miguel Cintra
z
Produção: A Peste - Associação de Pesquisa Teatral